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A história da menina-mulher que escolheu África (só que não)
terça-feira, março 20
Enganas-te se achas que esta história começa assim:
Era uma
vez uma menina-mulher que sonhava ir a África.
Esta história começa sim da seguinte forma:
Era uma vez uma
menina-mulher que acreditava vivamente que o mundo era a sua casa e que passara
anos a observar em seu redor e a batalhar contra uma “coisa” chamada depressão
(que doença é daquelas palavras que parecem ser para a vida toda).
Não. Não te vou dizer porque escolhi África. Porque na
verdade acho que não escolhi. África escolheu-me a mim. E sim, já sei de cor e
salteado que em Portugal também há pobreza, mas esta missão e esta história vão
bem além disso. Fica, para que ta conte.
Faz agora quase um ano que reformulava o meu CV.
Candidatava-me a empregos completamente fora da minha área de licenciatura
(talvez por isso a ache um bocado inútil). No secundário, enveredei por
Economia (só Deus saberá porquê, já que eu nunca saberei) e na faculdade segui Línguas, Literaturas e Culturas. Major em Estudos Norte-Americanos soava muito
bem para quem achava que queria ir viver para os Estados Unidos. Mas, na
verdade, fui parar à FLUL porque não entrei em Turismo. E candidatei-me a
Turismo porque não entrei em Teatro. Tudo a ver, eu sei. Agora, olhando para
trás, acho que nunca fui uma menina-mulher conformada e desde cedo quis
perceber de que moldes era feita a minha felicidade e o que queria fazer da
vida. Parêntesis: essa é precisamente a questão que mais odeio que me façam: o
que fazes da vida? Vivo. Seria a resposta. Enquanto muitos sobrevivem.
E talvez seja por isso que nunca soube muito bem o que
queria realmente. Porque gostava de muitas coisas, todas elas sem relação
aparente entre si. E se até então gostar de muitas coisas no que toca ao mundo
laboral era visto como negativo (alguém que gosta de muitas coisas, não sabe o
que quer, aparentemente, nem é especialista em nada), hoje parece que gostar de
muitas coisas até é bom. É isso e termos saltitado várias vezes de emprego em
tão pouco tempo: há quem diga que é bom, porque mostra que queremos sempre mais
e que lutámos sempre mais e por melhor, mas há também quem diga que mostra que
não nos conseguimos manter num sítio por muito tempo, ou que não somos
competentes para determinada função. Pois bem: eu cá perdi a conta ao número de
empregos que tive, já que aos 18 anos comecei a trabalhar em cafés e
restaurantes para ganhar uns trocos, entretanto saltitei por alguns hotéis,
naqueles trabalhos típicos de Verão ou mesmo de serviços de extras (como é que
alguém pode ser estável assim?) e cheguei até a ter dois trabalhos ao mesmo
tempo (+ a faculdade) para poder pagar a casa quando vivia em Lisboa. Claro que
não durou muito tempo. Talvez não me consiga mesmo aguentar muito tempo no
mesmo emprego. Talvez estivesse só à procura do que gosto realmente de fazer.
Talvez queira sempre mais e melhor. Talvez ache que mereço mais e melhor. Se
isso é errado? Então que seja.
Adiante. A licenciatura em Línguas levou-me à Easy Talk,
onde me iniciei como professora. Eu? Professora? Nunca! Nem pensar! Dizia-o à
minha mãe, que já me tinha perguntado N vezes o que ia fazer com essa
licenciatura. But karma is a bitch, right? Percebi que adorava dar aulas. A
crianças, preferencialmente – logo eu que sempre achei que não tinha muito
jeito para crianças e que no dia em que tiver um filho vou ter de pedir ajuda à
minha mãe para aprender a mudar-lhe as fraldas e a abrir o carrinho, já que sou
demasiado preguiçosa para ver tutoriais no Youtube. Kids I e Kids II eram os
meus mais-que-tudo. Crianças com 6 anos super entusiasmadas a aprender Inglês
num instituto onde os professores estão proibidos de esclarecer dúvidas em
português? How awesome is that? Muito, muito mesmo.
Setembro de 2015. Fim do meu contrato na Easy Talk e de uma
relação de 3 anos e chegara a hora de ir para os Estados Unidos e viver o
American Dream. Ou o American Nightmare. Foi mais isso. Vocês já sabem o
episódio que passei por lá (já vos contei aqui).
De regresso a terras lusitanas, voltei ao Pharmacia (um amor
para a vida toda, não sei bem porquê), comecei a dar aulas na United School e
entretanto comecei a trabalhar na Marina do Parque das Nações.
Em Fevereiro ou
Março de 2017 comecei a aperceber-me que gostava de marketing e dos resultados
que o meu esforço diário com o blog me ia trazendo e as estratégias que ia
tentando implementar. Comecei a ler: lia muito sobre marketing. Logo eu que
tinha deixado de ler. E contagiada pelo bichinho que vive dentro da minha irmã
(que é de marketing) fiz um novo CV (todo criativo e rosa, óbvio) onde inseri a
seguinte expressão: uma go-getter que em 2018 sonha fazer voluntariado em África
e na Índia. And guess that? March 2018. Here I am. Sem nunca ter ouvido sequer
falar no Uganda (shame on me que sou uma nódoa a geografia).
A palavra sonho para mim significa: “Vais tentar isto custe
o que custar”. E livre-se quem me tentar convencer que os sonhos são isso mesmo
porque não são realizáveis, que os sonhos são para ficar no papel ou na cabeça.
Glad I’m not like that. Nunca fui conformista. Nunca fui um vegetal. Muito
menos um robot. Ou será que são três nomes que, nestas circunstâncias, significam
exatamente a mesma coisa?
Sou confusa, complicada e um pouco insegura. Sou nervosa ao
cubo e stressadinha demais. Tenho o coração por todas as partes do meu corpo e
não lido bem com a espera. Frases como “daqui a 5 anos vou…” ou “daqui a 20
anos tenho…” parecem-me sempre tão longínquas e, ao mesmo tempo, tão incertas.
Sei lá se vou cá estar. É quase o mesmo que esperar para dizer a alguém que gostamos
muito dessa pessoa e só o dizermos em duas circunstâncias: quando a pessoa está
à beira da morte ou quando essa pessoa já não faz parte da nossa vida. Ou seja:
quando a perdemos, de uma ou de outra forma. E é por isso que agradeço aos meus
e lhes digo o quanto gosto deles, todos os dias da minha vida.
PS – Prometo em breve contar-vos todas as peripécias,
aventuras e emoções que tenho vivido intensamente aqui no Uganda. Entretanto,
vão-me acompanhando no Facebook e no Instagram que por lá as atualizações
chegam mais depressa (já que proibiram a venda de simcards e não ativaram o meu
cartão e pacote de internet – pelo qual paguei – precisamente quando cheguei.
Lucky, hein?)
Btw, a Patience manda-vos um beijo. E eu digo-vos que é um amor, tal como todas as crianças e mulheres que a 22 Stars ajuda.
*Vão seguindo tudo no Facebook e Instagram da Right Buddy ou da 22Stars assim como nas minhas redes pessoais.*
Minha querida tens um ❤ do tamanho do ��. Contínua a ir atrás dos teus sonhos. Fazes bem a muita gente ��
ResponderEliminarOhhh, priminha! Muito obrigada <3 Tão bom ter o vosso apoio. Beijo enorme
EliminarAmei o texto. Escreves de uma maneira apaixonante!
ResponderEliminarBoa sorte nesta tua jornada! ❤️
https://www.asdicasdavanessa.com/
Muito obrigada minha querida!
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