Shake, Wendy e Mia: A história de 3 animais resgatados
quarta-feira, janeiro 10
Shake, Wendy e Mia: A história de 3 animais resgatados de situações de risco
Em tempos partilhei nas stories do Instagram um bocadinho da história de alguns animais que resgatei. Pensava eu que ninguém queria saber. Mas enganei-me. Chegaram dezenas de mensagens a pedir para partilhar. Ganhei coragem, enchi o coração com todas as memórias boas que tenho do (pouco) tempo que passei com estes três e hoje partilho convosco a história de 3 animais resgatados de situações de risco. Cada uma diferente da outra: desde as condições, ao final.
Shake
Este (da foto de destaque) é(ra) o Shake. Um dos bebés que não sobreviveu à tragédia e que foi vítima da crueldade humana. O Shake vivia numa casa com mais cerca de 20 cães e era o mais pequenino deles todos. Da noite para o dia, recebemos uma espécie de ultimato: o Shake e os seus irmãos foram deixados para trás pelo ser humano e, ou lhes encontrávamos um lar, ou morreriam lentamente. Sem sequer refletir, fomos ao local retirá-los de lá. E reforço que este "local" era a casa de alguém. À chegada, o cenário era assustador. 20 cães dentro de uma espécie de estábulo, meia dúzia deles bebés e, cá fora, uma cadela de porte grande acorrentada e outra a morrer. Corremos imediatamente com esta última ao veterinário, mas morreu nas mãos da Maria. Também o Shake, um bebé especial que, não sabemos se tinha esgana ou problemas neurológicos, foi para casa da Maria, onde viria a falecer. Desta história, ficam as imagens, umas com um final feliz, outras com um final que pesa nos nossos corações, mas fica sobretudo a certeza de que fizemos tudo o que podíamos para que eles se sentissem amados, pelo menos uma vez. Uns estão livres de sofrimento, outros estão entregues a boas famílias, que lhes dão tudo o que sempre mereceram. Alguns vivem com mazelas que o passado lhes deixou, porque eles também sofrem.
Este (da foto de destaque) é(ra) o Shake. Um dos bebés que não sobreviveu à tragédia e que foi vítima da crueldade humana. O Shake vivia numa casa com mais cerca de 20 cães e era o mais pequenino deles todos. Da noite para o dia, recebemos uma espécie de ultimato: o Shake e os seus irmãos foram deixados para trás pelo ser humano e, ou lhes encontrávamos um lar, ou morreriam lentamente. Sem sequer refletir, fomos ao local retirá-los de lá. E reforço que este "local" era a casa de alguém. À chegada, o cenário era assustador. 20 cães dentro de uma espécie de estábulo, meia dúzia deles bebés e, cá fora, uma cadela de porte grande acorrentada e outra a morrer. Corremos imediatamente com esta última ao veterinário, mas morreu nas mãos da Maria. Também o Shake, um bebé especial que, não sabemos se tinha esgana ou problemas neurológicos, foi para casa da Maria, onde viria a falecer. Desta história, ficam as imagens, umas com um final feliz, outras com um final que pesa nos nossos corações, mas fica sobretudo a certeza de que fizemos tudo o que podíamos para que eles se sentissem amados, pelo menos uma vez. Uns estão livres de sofrimento, outros estão entregues a boas famílias, que lhes dão tudo o que sempre mereceram. Alguns vivem com mazelas que o passado lhes deixou, porque eles também sofrem.
Wendy
Infelizmente nem tenho uma foto da minha Wendy para te mostrar. Não tive tempo.
Comecemos pelo princípio: fui ao canil como tantas outras vezes para fotografar alguns animais e ver se conseguia que algum saísse de lá. Numa box, vi uns cachorrinhos e perguntei à pessoa que por lá estava a limpar e lavar as boxes se não corriam perigo de vida (não foi muito depois da história da Mia). Ela disse que já se encontravam vacinados (não sei se é verdade ou não) e que eles estavam bem. Perguntei-lhe quantos eram, ao que ela me respondeu que eram cinco. Pedi-lhe para entrar para lhes tirar umas fotografias para os poder divulgar até que os contei: seis. A um canto, estática, lá estava uma menina à qual viria a chamar Wendy. E retornei a perguntar quantos eram. Ela disse-me novamente: cinco. E eu peguei na Wendy e respondi: conto seis. E esta menina? A resposta que obtive foi algo que nunca irei esquecer: Essa menina não conta, porque vai morrer.Como assim, vai morrer? Como assim não se faz nada? Mas já sabia que começar ali a disparatar não ia resolver nada. Então respondi: ela vem comigo. E veio. A Wendy estava subnutrida e com uma anemia extrema. Levei-a de imediato ao veterinário e soube que ela precisava de levar soro e de ser alimentada por seringa, mas o veterinário recomendou que o fizéssemos em casa, porque ela precisava igualmente de sentir que alguém estava ali e ficar sempre vigiada. E assim foi. A Wendy faleceu nessa noite, na minha cama. E desde então não consegui voltar ao canil. Tenho ajudado animais de rua, recebo dezenas de pedidos de ajuda para divulgação diariamente e pedidos de ajuda para marcações de esterilizações e castrações low cost. Visito associações, vou até à lua, mas ainda não consegui regressar àquele canil. Porque a Wendy não foi a primeira que vi morrer, tirada dali. Mas foi a primeira que morreu na minha cama.
Mia
A história da Mia tem um final feliz. E o melhor destes dias, destes resgates, são os finais felizes que vamos proporcionando. O pior são, sem dúvida, as estrelinhas que acabam por nos deixar porque chegámos tarde demais. Mas mesmo essas, sabemos sempre que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
A Mia nasceu no canil com mais 5 irmãos. A mamã da Mia vivia no canil, mas a Mia e os irmãos corriam risco de morte, pois no canil havia um vírus (parvovirose) que pode ser mortal, especialmente nos bebés. Assim, tomei a decisão que me parecia mais acertada (e assustadora, confesso). Levei os 6 bebés para minha casa para amamentar. Claro que tal só foi possível porque tenho os melhores pais do mundo, mas foi um grande desafio: estes bebés têm de mamar de duas em duas horas e eram 6, seis, SEIS! Confesso que queria (mesmo) ficar com a Mia, mas, por muito que custe, temos de os dar para adoção. Felizmente a Mia encontrou uma família com a qual vive, atualmente, no Luxemburgo. Os manos da Mia também foram todos entregues a famílias conscientes e estão todos lindos e felizes.
Comecemos pelo princípio: fui ao canil como tantas outras vezes para fotografar alguns animais e ver se conseguia que algum saísse de lá. Numa box, vi uns cachorrinhos e perguntei à pessoa que por lá estava a limpar e lavar as boxes se não corriam perigo de vida (não foi muito depois da história da Mia). Ela disse que já se encontravam vacinados (não sei se é verdade ou não) e que eles estavam bem. Perguntei-lhe quantos eram, ao que ela me respondeu que eram cinco. Pedi-lhe para entrar para lhes tirar umas fotografias para os poder divulgar até que os contei: seis. A um canto, estática, lá estava uma menina à qual viria a chamar Wendy. E retornei a perguntar quantos eram. Ela disse-me novamente: cinco. E eu peguei na Wendy e respondi: conto seis. E esta menina? A resposta que obtive foi algo que nunca irei esquecer: Essa menina não conta, porque vai morrer.Como assim, vai morrer? Como assim não se faz nada? Mas já sabia que começar ali a disparatar não ia resolver nada. Então respondi: ela vem comigo. E veio. A Wendy estava subnutrida e com uma anemia extrema. Levei-a de imediato ao veterinário e soube que ela precisava de levar soro e de ser alimentada por seringa, mas o veterinário recomendou que o fizéssemos em casa, porque ela precisava igualmente de sentir que alguém estava ali e ficar sempre vigiada. E assim foi. A Wendy faleceu nessa noite, na minha cama. E desde então não consegui voltar ao canil. Tenho ajudado animais de rua, recebo dezenas de pedidos de ajuda para divulgação diariamente e pedidos de ajuda para marcações de esterilizações e castrações low cost. Visito associações, vou até à lua, mas ainda não consegui regressar àquele canil. Porque a Wendy não foi a primeira que vi morrer, tirada dali. Mas foi a primeira que morreu na minha cama.
Mia
A história da Mia tem um final feliz. E o melhor destes dias, destes resgates, são os finais felizes que vamos proporcionando. O pior são, sem dúvida, as estrelinhas que acabam por nos deixar porque chegámos tarde demais. Mas mesmo essas, sabemos sempre que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance.
A Mia nasceu no canil com mais 5 irmãos. A mamã da Mia vivia no canil, mas a Mia e os irmãos corriam risco de morte, pois no canil havia um vírus (parvovirose) que pode ser mortal, especialmente nos bebés. Assim, tomei a decisão que me parecia mais acertada (e assustadora, confesso). Levei os 6 bebés para minha casa para amamentar. Claro que tal só foi possível porque tenho os melhores pais do mundo, mas foi um grande desafio: estes bebés têm de mamar de duas em duas horas e eram 6, seis, SEIS! Confesso que queria (mesmo) ficar com a Mia, mas, por muito que custe, temos de os dar para adoção. Felizmente a Mia encontrou uma família com a qual vive, atualmente, no Luxemburgo. Os manos da Mia também foram todos entregues a famílias conscientes e estão todos lindos e felizes.
Um beijinho quentinho no coração e obrigada por estares desse lado!