Uma colibri chamada Kéké e uma história com um final bonito
sexta-feira, setembro 22Fotografia da Lucie Lu, no Bloggers Camp |
Fez agora 10 anos que me mudei para Braga para por lá morar, com a minha Pucca. Por lá, escrevia o meu "O que me vai no coração" enquanto dava início aos anos de maior aprendizagem da minha vida. 10 anos depois abraçava o meu livro no Bloggers Camp enquanto os meus olhos brilhavam por poder, finalmente, contar a minha história com um sorriso nos lábios, como parte de tudo o que sou hoje.
Quem sou eu, atualmente:
A Kéké, uma colibri, uma criança na alma de uma viajante feliz e uma mulher com um sorriso que agora abraça a sua história em todo o seu esplendor. Sou a Duquesa dos Aristogatos, a menina-luz dos olhos de alguém e a luzinha cor-de-rosa de outros tantos.
Sou caranguejo e, portanto, uma pessoa de coração mole mas com um coração do tamanho do mundo.
Carrego todos os sonhos do mundo às costas mas farei sempre por concretizá-los, um após o outro.
Mas nem sempre foi assim:
Já vos contei um bocadinho da minha história aqui. Costumo dizer que a minha vida dava um livro e, na verdade, o primeiro capítulo está escrito. Assumi-o em pleno Bloggers Camp, ao trazer à tona o meu livro “O que me vai no coração”, escrito há uma década, quando dei por mim à beira do precipício (ou já nele).
Tudo começou com um esgotamento, fruto de um ano intenso a estudar de dia e de noite, de uma escola de teatro louca (e com pessoas igualmente loucas, segundo conta a minha mãe) e, consequentemente, com a minha ida para Braga, onde queria à força toda entrar na universidade. O meu primeiro namorado vivia lá e eu queria entrar em teatro no ESMAE no Porto.
Mudei-me para Braga com a minha Pucca, a minha pinscher que tem agora 11 anos. Vivíamos num T2 sozinhas e o Eduardo, assim se chamava (e chama) morava em Couto de Cambeses. E lá fui eu, cheia de confiança, fazer as provas no ESMAE mas chumbei na de improvisação. Numa tentativa de manter-me por lá, entrei em Desporto.
No auge do meu esgotamento (embora o negasse por completo) deixei de comer e experienciei de perto a anorexia. Pobre Pucca, que comia restos de fruta e sopa. Mas os animais estão sempre lá para nós, não é? E ela era assim, feliz com tão pouco.
Voltámos pela mão do meu pai em dezembro e, com esta decisão espontânea, o Eduardo acabou por terminar a relação. O que já então era esgotamento e anorexia, viria a saber depois, desabou numa depressão que parecia incontrolável.
Entre internamentos e medicação, nunca quis aceitar que aquilo seria uma “condição” para sempre. Sim, tentei acabar com a vida, mas não, nunca quis morrer. Queria somente chamar à atenção. E hoje assumo-o por completo. Porque quem quer pôr fim à vida, põe mesmo, sabem?
Mas eu não queria. E aquilo também não era uma condição para sempre.
Percebi-o já tarde, ao voltar à minha consciência, quando uma médica me disse que, com o passar dos anos, podia vir a ficar sem um rim.
Mas a vontade de superar tudo vem de dentro, sabes?
Vem da nossa força interior e sei que só quem lá esteve consegue compreender de facto tudo isto. E também só quem lá está tem poder para sair do fundo.
Mas a verdade é que eu escrevi um livro em plena depressão.
A verdade é que eu, anos mais tarde, ajudei uma pessoa a sair do fundo, não estando eu completamente equilibrada.
E isto é motivo para celebrar. É mesmo, acreditem.
Foram seis anos e muitas histórias para contar (algumas recriadas pela minha mãe, já que a minha memória apagou grande parte delas).
Já estabilizada, em 2015 perdi o meu emprego e terminei uma relação de 4 anos e agarrei nas malas e no dinheiro que tinha e rumei aos Estados Unidos, sozinha para dar aulas a crianças em troca de estadia. Por lá fiquei, 4 meses, até o dinheiro me faltar e até a minha mãe me pedir a pés juntos para regressar.
Corria setembro e eu e a minha amiga brasileira regressávamos a casa dela, em Huntington Beach, Califórnia. Ao entrar em casa, lembrámo-nos que precisávamos de pôr gasolina e saímos rapidinho para ir à bomba mais próxima, que ficava a poucos Kms. De regresso, experienciávamos uma história digna de um filme de Hollywood que viria a mudar completamente as nossas vidas. Num cruzamento um carro que vinha da direita bateu-nos na frente do carro (quando deveria ter batido no lado do pendura, mas vinha a 220/h). O airbag disparou, chamou automaticamente a polícia e de repente tínhamos cerca de 10 pessoas em nosso redor a perguntar se estávamos bem e a gritar “it’s your lucky day”. Eu e a Talina olhámos uma para a outra e pensámos: “como assim?”, enquanto olhávamos para o nosso corpo cheio de nódoas negras e para o carro desfeito.
Confesso que nem chegámos a ver o carro que nos bateu. Viemos a saber, mais tarde, que eram dois carros, um homem e uma mulher, numa corrida louca, na posse de armas e drogas e que já tinham morto um motociclista antes de embaterem connosco.
E pronto.
Creio que foi nesse dia que me agarrei à vida e percebi que esta era a história que me dava voz. Redescobri-me, reaprendi a amar-me e a colocar-me em primeiro lugar.
Entretanto matutei sobre o estilo de vida que queria viver, sentei-me muitas vezes comigo mesma a escutar o meu corpo e a perceber o que me fazia feliz e qual o meu propósito de vida e descobri que quero mesmo fazer a diferença na vida das pessoas e fazer a diferença no mundo. E foi aí que surgiu a Right Buddy.
As causas animal e social sempre estiveram presentes na minha vida: há 5 anos que resgato animais e costumava ir para o canil ajudar e salvar animais em risco, mas abrandei um pouco quando a Wendy, uma cadelinha que retirei do canil com anemia extrema morreu a soro à cabeceira da minha cama. Atualmente tenho 4 cães e 1 miau.
Fiz voluntariado enquanto estudava e estive envolvida em vários projetos na República Checa e na Turquia e tinha de arranjar um modelo que servisse o meu propósito de vida: ajudar pessoas a serem realmente felizes.
E podia continuar.
Certamente poderás ler, um dia destes, o segundo capítulo do livro que escrevi há 10 anos e que agora abraço como meu e acredito que poderei ajudar pessoas que enfrentam a depressão e se consideram incompreendidas ou que acham que isso é uma “condição” para a vida toda.
Porque, meus amores, não é. Não é mesmo.
E cabe-nos a nós escolher o nosso rumo. Abraçar a nossa felicidade em todo o seu esplendor.
Um beijinho no coração
Kéké
PS - Já ouviste o podcast que fiz com o Pumpum? Prometemos que vais experienciar um misto de sentimentos e conhecer um pouco as peripécias da Kéké e saber mais sobre a Right Buddy.
Quem sou eu, atualmente:
A Kéké, uma colibri, uma criança na alma de uma viajante feliz e uma mulher com um sorriso que agora abraça a sua história em todo o seu esplendor. Sou a Duquesa dos Aristogatos, a menina-luz dos olhos de alguém e a luzinha cor-de-rosa de outros tantos.
Sou caranguejo e, portanto, uma pessoa de coração mole mas com um coração do tamanho do mundo.
Carrego todos os sonhos do mundo às costas mas farei sempre por concretizá-los, um após o outro.
Mas nem sempre foi assim:
Já vos contei um bocadinho da minha história aqui. Costumo dizer que a minha vida dava um livro e, na verdade, o primeiro capítulo está escrito. Assumi-o em pleno Bloggers Camp, ao trazer à tona o meu livro “O que me vai no coração”, escrito há uma década, quando dei por mim à beira do precipício (ou já nele).
Tudo começou com um esgotamento, fruto de um ano intenso a estudar de dia e de noite, de uma escola de teatro louca (e com pessoas igualmente loucas, segundo conta a minha mãe) e, consequentemente, com a minha ida para Braga, onde queria à força toda entrar na universidade. O meu primeiro namorado vivia lá e eu queria entrar em teatro no ESMAE no Porto.
Mudei-me para Braga com a minha Pucca, a minha pinscher que tem agora 11 anos. Vivíamos num T2 sozinhas e o Eduardo, assim se chamava (e chama) morava em Couto de Cambeses. E lá fui eu, cheia de confiança, fazer as provas no ESMAE mas chumbei na de improvisação. Numa tentativa de manter-me por lá, entrei em Desporto.
No auge do meu esgotamento (embora o negasse por completo) deixei de comer e experienciei de perto a anorexia. Pobre Pucca, que comia restos de fruta e sopa. Mas os animais estão sempre lá para nós, não é? E ela era assim, feliz com tão pouco.
Voltámos pela mão do meu pai em dezembro e, com esta decisão espontânea, o Eduardo acabou por terminar a relação. O que já então era esgotamento e anorexia, viria a saber depois, desabou numa depressão que parecia incontrolável.
Entre internamentos e medicação, nunca quis aceitar que aquilo seria uma “condição” para sempre. Sim, tentei acabar com a vida, mas não, nunca quis morrer. Queria somente chamar à atenção. E hoje assumo-o por completo. Porque quem quer pôr fim à vida, põe mesmo, sabem?
Mas eu não queria. E aquilo também não era uma condição para sempre.
Percebi-o já tarde, ao voltar à minha consciência, quando uma médica me disse que, com o passar dos anos, podia vir a ficar sem um rim.
Mas a vontade de superar tudo vem de dentro, sabes?
Vem da nossa força interior e sei que só quem lá esteve consegue compreender de facto tudo isto. E também só quem lá está tem poder para sair do fundo.
Mas a verdade é que eu escrevi um livro em plena depressão.
A verdade é que eu, anos mais tarde, ajudei uma pessoa a sair do fundo, não estando eu completamente equilibrada.
E isto é motivo para celebrar. É mesmo, acreditem.
Foram seis anos e muitas histórias para contar (algumas recriadas pela minha mãe, já que a minha memória apagou grande parte delas).
Já estabilizada, em 2015 perdi o meu emprego e terminei uma relação de 4 anos e agarrei nas malas e no dinheiro que tinha e rumei aos Estados Unidos, sozinha para dar aulas a crianças em troca de estadia. Por lá fiquei, 4 meses, até o dinheiro me faltar e até a minha mãe me pedir a pés juntos para regressar.
Corria setembro e eu e a minha amiga brasileira regressávamos a casa dela, em Huntington Beach, Califórnia. Ao entrar em casa, lembrámo-nos que precisávamos de pôr gasolina e saímos rapidinho para ir à bomba mais próxima, que ficava a poucos Kms. De regresso, experienciávamos uma história digna de um filme de Hollywood que viria a mudar completamente as nossas vidas. Num cruzamento um carro que vinha da direita bateu-nos na frente do carro (quando deveria ter batido no lado do pendura, mas vinha a 220/h). O airbag disparou, chamou automaticamente a polícia e de repente tínhamos cerca de 10 pessoas em nosso redor a perguntar se estávamos bem e a gritar “it’s your lucky day”. Eu e a Talina olhámos uma para a outra e pensámos: “como assim?”, enquanto olhávamos para o nosso corpo cheio de nódoas negras e para o carro desfeito.
Confesso que nem chegámos a ver o carro que nos bateu. Viemos a saber, mais tarde, que eram dois carros, um homem e uma mulher, numa corrida louca, na posse de armas e drogas e que já tinham morto um motociclista antes de embaterem connosco.
E pronto.
Creio que foi nesse dia que me agarrei à vida e percebi que esta era a história que me dava voz. Redescobri-me, reaprendi a amar-me e a colocar-me em primeiro lugar.
Entretanto matutei sobre o estilo de vida que queria viver, sentei-me muitas vezes comigo mesma a escutar o meu corpo e a perceber o que me fazia feliz e qual o meu propósito de vida e descobri que quero mesmo fazer a diferença na vida das pessoas e fazer a diferença no mundo. E foi aí que surgiu a Right Buddy.
As causas animal e social sempre estiveram presentes na minha vida: há 5 anos que resgato animais e costumava ir para o canil ajudar e salvar animais em risco, mas abrandei um pouco quando a Wendy, uma cadelinha que retirei do canil com anemia extrema morreu a soro à cabeceira da minha cama. Atualmente tenho 4 cães e 1 miau.
Fiz voluntariado enquanto estudava e estive envolvida em vários projetos na República Checa e na Turquia e tinha de arranjar um modelo que servisse o meu propósito de vida: ajudar pessoas a serem realmente felizes.
E podia continuar.
Certamente poderás ler, um dia destes, o segundo capítulo do livro que escrevi há 10 anos e que agora abraço como meu e acredito que poderei ajudar pessoas que enfrentam a depressão e se consideram incompreendidas ou que acham que isso é uma “condição” para a vida toda.
Porque, meus amores, não é. Não é mesmo.
E cabe-nos a nós escolher o nosso rumo. Abraçar a nossa felicidade em todo o seu esplendor.
Um beijinho no coração
Kéké
PS - Já ouviste o podcast que fiz com o Pumpum? Prometemos que vais experienciar um misto de sentimentos e conhecer um pouco as peripécias da Kéké e saber mais sobre a Right Buddy.