Quando a comida japonesa se senta à mesa com o requinte
Há espaços que nos conquistam a partir do momento em que metemos o pé lá dentro.
Este,
que vos trago hoje, é um exemplo vivo disso. Fica ali em plena Avenida
da Liberdade e, poderia dizer-vos que me prendi logo à entrada com o
cor-de-rosa da sala vizinha. Mas não. Desta vez não foi o cor-de-rosa
que me prendeu. Foi o charme que espalhava aquele espaço, qual David
Beckham na nossa Lisboa. E se a comparação vos parecer exagerada, vejam
lá se os vossos olhos não comem e se o vosso estômago não anseia por
desfrutar tais sabores refletidos nestas fotos.
Ou, como quem diz, apetitoso.
Foi assim que se apresentou o primeiro prato: o Himalayan Salt Rock Sashimi. Uma combinação de chutoro com cebola caramelizada, kizami wasabi e maracujá sobre pedra de sal rosa dos himalaias. Um nome todo pomposo, que faz jus à explosão de sabores que se sente ao colocar esta iguaria na boca.
Seguiu-se o Mille-feuilles Tuna Tartar e, devo dizer-vos, que foi dos meus preferidos. O tártaro de atum assenta perfeitamente num mil-folhas de pergamena com kimchi e a sua consistência estaladiça faz com que me quisesse demorar ali por longos momentos.
Nos entretantos, experimentámos os belíssimos cocktails: a sakerinha e a sakeroska convidavam-nos a ficar ali por mais umas horas, naquele convívio que junta os apaixonados por comida à mesa, onde o atendimento nos faz sentir parte de uma história de amor (japonesa, com certeza).
O Hammachi Sashimi chegou à mesa com aquele ar de lírio australiano dono de si, acompanhado de salada de salicórnia e wakame com vinagrete de pesto e sal negro. Este, confesso, evidenciava a qualidade do peixe e a fusão entre sabores que se complementavam loucamente.
Já o Kuro Ceviche, chegou à mesa com o seu ar de diferente, disfarçado de inovador, mas não me surpreendeu. Percebo a parte da criatividade envolvida neste prato mas creio que a nossa reação ao ver um prato negro seja logo duvidosa (shame on us, talvez). Este é um ceviche de várias qualidades de peixe envolvido em
puré de batata doce com tinta de choco. Mole no seu interior, sem grande sabor e consistência.
A nossa viagem pelos sentidos japoneses seguiu com o Wagyu Truffle Sashimi e o Tuna Foie Gunkan.
Confesso que morri de amores pelo de atum, até porque estava cheia de vontade de comer sashimi. Já o outro leva carne à mistura e, apesar dos demais dizerem que este prato era de comer e chorar por mais, esforcei-me por prová-lo, mas não consigo tecer grandes comentários.
Arriscaria dizer que este prato que se segue foi o prato rei da noite, no que toca a inovação e apresentação. Daqueles que quase vale a pena só pela bela da fotografia, se é que me entendem, foodies. Chama-se Kisetsu Sashimi e são, nada mais nada menos do que, vinte e cinco peças em sashimi de peixes variados e outros da nossa costa, sobre gelo. E que bonito composto, hein?
Ainda que o bacalhau dispense apresentações em terras portuguesas, este merece ser apresentado: chamaram-lhe Black cod e é bacalhau negro do alasca com miso, migas de frade e ervilha de quebrar.
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Todas as fotografias são da minha fotógrafa-maravilha e amiga Raquel Dias da Silva, do blog Meek Sheep, já que a preguiça me domina quando ela está presente. |
Terminámos com os trunfos da noite: Sundae Miso e Kabotcha Cheesecake. O primeiro é gelado de nata com caramelo de miso, crumble de oreo e biscoito de waffle e o segundo é um cheesecake de doce de abóbora e canela, com pevides crocante. E tudo o que vos posso dizer é: POSSO TÊ-LOS OUTRA VEZ NA MINHA VIDA, ASSIM, AGORA, POR FAVOR? QUE GRANDE EXPLOSÃO DE SENTIMENTOS, SABORES E DE AMORES.
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